quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Revelação, inspiração e iluminação

Uma das primeiras matérias que os alunos tem na FAT (Faculdade Adventista de Teologia) é IGB, ou Introdução Geral da Bíblia. Essa matéria me foi lecionada pelo excelente pastor e professor Emilson dos Reis. Logo nas primeiras aulas ele falou de três termos importantes, revelação, inspiração e iluminação.


Embora para muitos teólogos sejam termos simples, para a maioria dos leigos nunca foi esclarecido a definição desses termos, pois a maioria ouve isso desde criança na igreja e meio que se deduziu o significado dos termos, mas como já ouvi não uma, mas muitas vezes pessoas orando antes do sermão pedindo inspiração de Deus para poder captar a mensagem preparada, percebi que um falso conceito perambula pelas igrejas.

O pastor Emilson começa suas aulas, acompanhadas pelo excelente livro que ele mesmo escreveu, definindo o que é revelação. O significado é simples, tornar aquilo que é desconhecido conhecido, ou aquilo que esta oculto seja colocado em nossa vista. Porém a revelação divina tem três fatores que devem ser destacados. “1) o Revelador: Deus; 2) os instrumentos de revelação: neste caso há vários meios escolhidos para a revelação: a natureza, a conciência, a história, (...); 3) o receptor: neste caso o homem que aceita e aprende a revelação.”1

Dentro do termo revelação temos ainda na teologia duas sub-divisões, a Revelação Geral e a Revelação Especial. A primeira “foi feita para todos os homens em todas as épocas e lugares.”2 A revelação geral pode ser vista pela natureza, como destaca o apóstolo Paulo em uma de suas cartas. Romanos 1:20 – “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;”

A mesma revelação geral foi também demonstrada de outra maneira por Paulo ainda na mesma carta. Agora ele não fala da natureza, mas de algo que até os ateus tem dificuldade de explicar, a consciência. Romanos 2:14 e 15 – “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. 15 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,”

Outra maneira que temos de revelação geral é ao analisarmos a história, principalmente a história do povo de Deus. Se observarmos bem a Bíblia veremos que temos muitos livros dedicados a contar a história de Israel e posteriormente Judá. Esse verso do profeta Ezequiel pode ser um bom exemplo: Ezequiel 39:28 – “Saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, quando virem que eu os fiz ir para o cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e que lá não deixarei a nenhum deles.”

“Embora a revelação geral seja tão importante para o homem, ela é insuficiente, pois falha na apresentação clara do caráter de Deus e do Seu propósito para conosco.”3 Porém isso não é motivo de desespero, pois Deus também nos deu a Revelação Especial, entre elas poderei destacar duas, a Bíblia e Jesus Cristo, o próprio Deus encarnado.

Diferente da revelação geral, a revelação especial “Vem a nós de maneiras sobrenaturais, e é por seu intermédio que compreendemos que o mesmo Deus que é tão poderoso, também é justo, santo e amoroso, havendo idealizado um plano mediante o qual pode o homem vencer todo o pecado e ser recriado a Sua imagem e semelhança.”4

Agora que já finalizamos o termo revelação o termo seguinte que verei com vocês segue a seqüência das aulas e do livro do pastor Emilson, ou seja, inspiração. Embora existam no mundo teológico várias teorias sobre a inspiração e como ela ocorre não vou me demorar muito nisso, talvez num futuro aborde isso, mas recomendo que comprem o livro do pastor Emilson dos Reis que citei várias vezes nas notas de rodapé.

Um texto usado em muitos estudos bíblicos sobre a Bíblia é II Timóteo 3:16 que diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,”.

O termo grego usado pelo apóstolo para a palavra traduzida por “inspirada” é theopneustos, que é a junção de duas palavras gregas theos (Deus) e pneustos (sopro ou vento), portanto a tradução do termo seria theopneustos seria “soprado por Deus”, por isso concordo com pr. Emilson dos Reis quando ele dizque “a palavra INSPIRADA não ajuda na compreensão do sentido original e tencionado pelo autor sagrado”5. A idéia é de que Deus soprou a “informação” para o profeta e não esse inspirou de Deus. Porém vale ressaltar que no mundo cristão tornou-se comum dizer ou escrever “inspirado”, porém com a idéia de “divinamente soprado”.

Como mostramos no esquema da revelação o revelador, ou aquele que inspira, é DEUS. Não podemos obter nenhuma informação a respeito de Deus a não ser aquilo que ELE nos revelou. A Bíblia é clara quanto a isso em Deuteronômio 29:29 – “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”

Como cristãos não deveríamos ir além daquilo que Deus nos revelou, porém não deveríamos ignorar aquilo que Ele nos revelou, muito pelo contrário, se entendemos que Deus é o Criador e Soberano do universo, nada seria mais importando do que estudar a revelação de Deus que nos foi dada por pessoas inspiradas.

Agora que entendemos o que é revelação e inspiração falto o ultimo termo proposto para esse artigo: Iluminação. Estudamos que a Bíblia é uma revelação dada por Deus por meio de profetas inspirados divinamente. Se perguntar a você, além do autor (humano), que já morreu, quem mais poderia nos ajudar a entender o que esta escrito na Bíblia? A resposta é simples: Deus.

Por isso sempre antes de estudar a Bíblia o cristão deve orar a Deus para iluminar a sua mente com entendimento para entender a Sua Palavra. O cristão deveria pedir a presença do Espírito Santo durante seu estudo devocional, e Ele esta aqui para nos auxiliar, nos acompanhar. Muitos teólogos chegam a conclusões duvidosas, para não dizer errônea, porque confiram mais em sua capacidade intelectual do que no poder divino.

Portanto a “revelação é uma abertura objetiva; a iluminação é a compreensão subjetiva da revelação; a inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma exposição aberta e objetiva. A revelação é o fato da comunicação divina; a inspiração é o meio; a iluminação, o dom de compreender essa comunicação.”6

Para aqueles que têm mais interesse em estudar esse tema recomendo que procurem pelo próprio pastor e doutor Emilson dos Reis, hoje diretor do curso de teologia do UNASP campus 2, cujo e-mail ou telefone podem ser facilmente encontrados no site da instituição.

Notas:
[1]REIS, Emilson dos, Introdução Geral à Bíblia: como a Bíblia foi escrita e chegou até nós, São Paulo, Privilégio Artes Gráficas, 2004, p. 13
[2]Ibid., p. 19
[3]Ibid., p. 35
[4]Ibid., p. 35
[5]Ibid., p. 65
[6]GEISLER, Norman e NIX, Willian, Introdução Bíblica, São Paulo, Editora Vida, 2006, p.12

Dicionário do O Pastor

   Como vou falar muito sobre teologia e apologia talvez faça uso de alguns termos que não são normais a ouvidos leigos, preocupado com isso estou escrevendo esse pequeno artigo para esclarecer esses termos e assim poderão saber o que ou a que estou me referindo.

   Agnóstico: Aquele que esta em cima do muro, não afirma e nem nega a existência de Deus.

   Ateu: Aquele que não acredita na existência de Deus.

   Antropomorfismo: Quando eu digo que Deus tem dois braços e duas pernas eu estou fazendo um antropomorfismo, ou seja, colocando características humanas em Deus. O erro é lógico, Deus não é humano para que eu possa fazer tal comparação.

   Apologética: Basicamente o ramo que busca fazer uma defesa racional da fé cristã.

   Ceticismo: Negação do conhecimento humano em determinada área. Por exemplo, sou cético quanto à evolução. Alguém pode ser cético quanto à existência de Deus, ou a parapsicologia e assim vai.

   Deísta: Aquele que acredita em Deus, porém que este se mantém afastado da raça humana. Seria algo como uma pessoa dar corda no relógio e o ver funcionar sem interferir em nada.

   Exegese: Seria o resultado da hermenêutica aplicada.

   Hermenêutica: Uma disciplina voltada a apresentar regras de interpretação do texto bíblico.

   Iluminação: ver aqui
   Inspiração: ver aqui

   Revelação: ver aqui

   Teísta: Aquele que acredita na existência de Deus ou divindade semelhante. Um cristão, um católico, um mulçumano e um judeu são todos teístas. O teísmo aceita que Deus seja infinito, onipotente, onisciente, onipresente, completamente bom e criador do universo. Um pagão não é um teísta.

Embora não sejam tantos termos assim que expus de início e nem tão profundamente, com o tempo vou acrescentando conforme escrevo. Por exemplo, pretendo escrever um único artigo explicando o que é a hermenêutica e a exegese de maneira que essas simples explicações que hoje estão acima vão ficar obsoletas.

O Pastor

O Pastor


  Esse blog destina a aqueles que querem ver um pouco sobre a vida de um pastor, obviamente mantendo o sigilo que a profissão exige, por isso manterei meu nome também em segredo para não expor as congregações que passei e que estou. O que mais vamos ver aqui são comentários de notícias de um ponto de vista cristão, também alguns pequenos artigos que eu mesmo escreverei para reflexão geral de todos.


   Este não é um blog de debates e por isso não haverá espaço para comentários, porém meu e-mail vai estar disponível para todos aqueles que queriam mandar dúvidas, sugestões, críticas e outras mais, porém não posso me comprometer inteiramente em responder todos os e-mails, já que vocês são muitos e eu um só, alguém disso tenho minha profissão (pastorado) e uma linda família com a qual gosto de passar meu tempo livre.

  Como gosto muito de teologia e apologia cristã não vai faltar assunto, embora tenha uma área de preferência vou procurar dar diversidade a este blog para que não o torne monótono. Talvez a quantidade de artigos que eu escreva não seja tão grande, mas vou procurar dentro da minha agenda colocar um ou mais artigos por dia.

   Antes que mandem e-mails me perguntando de qual denominação faço parte, a resposta é simples, sou adventista do sétimo dia, embora não estarei aqui fazendo uma apologia da minha religião pessoal por vez ou outra quando sentir que minha querida denominação for atacada pela mídia poderei muito bem escrever aqui a respeito.

  Por fim gostaria muito a agradecer a Deus pela oportunidade de estar escrevendo nesse blog, pois me abençoou me dando facilidade para trabalhar além de com pessoas também através da informática nesse perigoso, mas maravilhoso mundo da internet. Perigoso porque qualquer tipo de informação com fontes seguras ou não pode ser encontrado na internet, mas maravilhoso porque um brasileiro pode ajudar um português, um angolano ou qualquer outra etnia que fala português a conhecer melhor a Jesus.

  Que Deus abençoe a todos iluminando a mente de cada um abrindo as portas para o evangelho.

O Pastor