Uma das primeiras matérias que os alunos tem na FAT (Faculdade Adventista de Teologia) é IGB, ou Introdução Geral da Bíblia. Essa matéria me foi lecionada pelo excelente pastor e professor Emilson dos Reis. Logo nas primeiras aulas ele falou de três termos importantes, revelação, inspiração e iluminação.
Embora para muitos teólogos sejam termos simples, para a maioria dos leigos nunca foi esclarecido a definição desses termos, pois a maioria ouve isso desde criança na igreja e meio que se deduziu o significado dos termos, mas como já ouvi não uma, mas muitas vezes pessoas orando antes do sermão pedindo inspiração de Deus para poder captar a mensagem preparada, percebi que um falso conceito perambula pelas igrejas.
O pastor Emilson começa suas aulas, acompanhadas pelo excelente livro que ele mesmo escreveu, definindo o que é revelação. O significado é simples, tornar aquilo que é desconhecido conhecido, ou aquilo que esta oculto seja colocado em nossa vista. Porém a revelação divina tem três fatores que devem ser destacados. “1) o Revelador: Deus; 2) os instrumentos de revelação: neste caso há vários meios escolhidos para a revelação: a natureza, a conciência, a história, (...); 3) o receptor: neste caso o homem que aceita e aprende a revelação.”1
Dentro do termo revelação temos ainda na teologia duas sub-divisões, a Revelação Geral e a Revelação Especial. A primeira “foi feita para todos os homens em todas as épocas e lugares.”2 A revelação geral pode ser vista pela natureza, como destaca o apóstolo Paulo em uma de suas cartas. Romanos 1:20 – “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;”
A mesma revelação geral foi também demonstrada de outra maneira por Paulo ainda na mesma carta. Agora ele não fala da natureza, mas de algo que até os ateus tem dificuldade de explicar, a consciência. Romanos 2:14 e 15 – “Quando, pois, os gentios, que não têm lei, procedem, por natureza, de conformidade com a lei, não tendo lei, servem eles de lei para si mesmos. 15 Estes mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, mutuamente acusando-se ou defendendo-se,”
Outra maneira que temos de revelação geral é ao analisarmos a história, principalmente a história do povo de Deus. Se observarmos bem a Bíblia veremos que temos muitos livros dedicados a contar a história de Israel e posteriormente Judá. Esse verso do profeta Ezequiel pode ser um bom exemplo: Ezequiel 39:28 – “Saberão que eu sou o SENHOR, seu Deus, quando virem que eu os fiz ir para o cativeiro entre as nações, e os tornei a ajuntar para voltarem à sua terra, e que lá não deixarei a nenhum deles.”
“Embora a revelação geral seja tão importante para o homem, ela é insuficiente, pois falha na apresentação clara do caráter de Deus e do Seu propósito para conosco.”3 Porém isso não é motivo de desespero, pois Deus também nos deu a Revelação Especial, entre elas poderei destacar duas, a Bíblia e Jesus Cristo, o próprio Deus encarnado.
Diferente da revelação geral, a revelação especial “Vem a nós de maneiras sobrenaturais, e é por seu intermédio que compreendemos que o mesmo Deus que é tão poderoso, também é justo, santo e amoroso, havendo idealizado um plano mediante o qual pode o homem vencer todo o pecado e ser recriado a Sua imagem e semelhança.”4
Agora que já finalizamos o termo revelação o termo seguinte que verei com vocês segue a seqüência das aulas e do livro do pastor Emilson, ou seja, inspiração. Embora existam no mundo teológico várias teorias sobre a inspiração e como ela ocorre não vou me demorar muito nisso, talvez num futuro aborde isso, mas recomendo que comprem o livro do pastor Emilson dos Reis que citei várias vezes nas notas de rodapé.
Um texto usado em muitos estudos bíblicos sobre a Bíblia é II Timóteo 3:16 que diz: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça,”.
O termo grego usado pelo apóstolo para a palavra traduzida por “inspirada” é theopneustos, que é a junção de duas palavras gregas theos (Deus) e pneustos (sopro ou vento), portanto a tradução do termo seria theopneustos seria “soprado por Deus”, por isso concordo com pr. Emilson dos Reis quando ele dizque “a palavra INSPIRADA não ajuda na compreensão do sentido original e tencionado pelo autor sagrado”5. A idéia é de que Deus soprou a “informação” para o profeta e não esse inspirou de Deus. Porém vale ressaltar que no mundo cristão tornou-se comum dizer ou escrever “inspirado”, porém com a idéia de “divinamente soprado”.
Como mostramos no esquema da revelação o revelador, ou aquele que inspira, é DEUS. Não podemos obter nenhuma informação a respeito de Deus a não ser aquilo que ELE nos revelou. A Bíblia é clara quanto a isso em Deuteronômio 29:29 – “As coisas encobertas pertencem ao SENHOR, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.”
Como cristãos não deveríamos ir além daquilo que Deus nos revelou, porém não deveríamos ignorar aquilo que Ele nos revelou, muito pelo contrário, se entendemos que Deus é o Criador e Soberano do universo, nada seria mais importando do que estudar a revelação de Deus que nos foi dada por pessoas inspiradas.
Agora que entendemos o que é revelação e inspiração falto o ultimo termo proposto para esse artigo: Iluminação. Estudamos que a Bíblia é uma revelação dada por Deus por meio de profetas inspirados divinamente. Se perguntar a você, além do autor (humano), que já morreu, quem mais poderia nos ajudar a entender o que esta escrito na Bíblia? A resposta é simples: Deus.
Por isso sempre antes de estudar a Bíblia o cristão deve orar a Deus para iluminar a sua mente com entendimento para entender a Sua Palavra. O cristão deveria pedir a presença do Espírito Santo durante seu estudo devocional, e Ele esta aqui para nos auxiliar, nos acompanhar. Muitos teólogos chegam a conclusões duvidosas, para não dizer errônea, porque confiram mais em sua capacidade intelectual do que no poder divino.
Portanto a “revelação é uma abertura objetiva; a iluminação é a compreensão subjetiva da revelação; a inspiração é o meio pelo qual a revelação se tornou uma exposição aberta e objetiva. A revelação é o fato da comunicação divina; a inspiração é o meio; a iluminação, o dom de compreender essa comunicação.”6
Para aqueles que têm mais interesse em estudar esse tema recomendo que procurem pelo próprio pastor e doutor Emilson dos Reis, hoje diretor do curso de teologia do UNASP campus 2, cujo e-mail ou telefone podem ser facilmente encontrados no site da instituição.
Notas:
[1]REIS, Emilson dos, Introdução Geral à Bíblia: como a Bíblia foi escrita e chegou até nós, São Paulo, Privilégio Artes Gráficas, 2004, p. 13
[2]Ibid., p. 19
[3]Ibid., p. 35
[4]Ibid., p. 35
[5]Ibid., p. 65
[6]GEISLER, Norman e NIX, Willian, Introdução Bíblica, São Paulo, Editora Vida, 2006, p.12